Fala Ferreira

Assim me saúdam os amigos de Guatemala.

2019: A privatização da Petrobrás

A Petrobrás vai estar no centro da política do próximo ano. Por duas razões. Primeiro, porque Paulo Guedes deseja privatizá-la. Segundo, a condução que Donald Trump tem feito da política externa norte-americana irá pressionar o preço do barril de petróleo para cima. (A consultora de risco político Eurasia indica que o petróleo pode chegar novamente a $100/barril.) Considerando a atual política de preços da Petrobrás, deve se esperar um aumento considerável do preço da gasolina e outra crise social a fazer lembrar a greve dos caminhoneiros, de maio passado, desta vez liderada talvez por taxistas.

É certo que poderão haver fatores atenuantes. Falei do preço do petróleo em dólares. Como a valorização do petróleo pode levar a uma desvalorização do dólar, para os brasileiros – ou melhor, para quem paga em reais – a variação poderá ser menor. Em outra conjuntura, isso poderia mesmo significar redução do preço da gasolina em reais. Mas o valor do dólar depende de inúmeros fatores, particularmente das exportações brasileiras e dos juros básicos da economia norte-americana. Se o FED responder a um possível aumento do preço do petróleo com um aumento da taxa de juros, o bolso dos brasileiros poderá sofrer duplamente.

O segundo embate político, entre esquerda e direita, no mais do que previsível governo de Jair Bolsonaro, será em torno das privatizações. (O primeiro é a reforma da previdência que, ao que tudo indica, será realizado ainda no governo Temer, com o apoio de Bolsonaro.)  O aumento previsível do preço do petróleo deslocará o debate totalmente para a seguinte questão: por que meios é possível baixar os preços dos combustíveis? Através do controle estatal (esquerda) ou pelo estímulo da concorrência (direita)?

Obviamente que o estímulo da concorrência é uma patranha que ninguém deveria acreditar. A experiência portuguesa em torno da privatização da Galp, também a meio de uma trajetória de valorização do preço do petróleo, mostra que a redução de preços e o estimulo da concorrência, por meio de privatizações, é um mito. Mas a esquerda só terá chances de ganhar este debate se começar, desde já, a difundir os seus argumentos. Quando a crise estourar, ela não vai ter o acesso aos meus de comunicação social para se fazer ouvir. Enfim, praticamente derrotada, a esquerda deve ir se preparando para o terceiro turno!

23 de Outubro de 2018 - Posted by | Brasil, Economia | , , ,

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