Fala Ferreira

Assim me saúdam os amigos de Guatemala.

Crise: análise de género

Nesta quarta-feira passada foram publicados os resultados do inquérito ao emprego para o primeiro trimestre de 2010 do Instituto Nacional de Estatística. O principal resultado que noticia o documento é o desaparecimento de 90,4 mil empregos face ao primeiro trimestre de 2009 (trimestre homólogo); e de 14,8 mil empregos face ao ultimo trimestre de 2009 (trimestre anterior). Os comentários que faço a seguir referem-se à variação homóloga, porque permite evitar os efeitos da variação sazonal da actividade económica e do emprego.

Desagregando os dados por sexo, nota-se que dois terços de empregos que desapareceram eram ocupados por homens: 62,5 mil empregos. Contudo, a pesar do número de empregos ocupados por mulheres ter sido menor (de 27,9 mil empregos menos), o aumento do número de desempregados foi praticamente o mesmo nos dois sexos. No final período (1.º trimenstre de 2009 ao 1.º trimestre de 2010) haviam mais 48,9 mil homens e 47,4 mil mulheres desempregadas. Isto deve-se a que 13,5 mil homens passaram a inactivos, a maioria se reformou; enquanto 19,6 mil mulheres inactivas, a maioria domésticas, entraram no mercado de trabalho – ainda que directamente para o desemprego.

Em conclusão: estando o homem sem emprego ou auferindo um salário demasiado pequeno, a mulher parte em busca de outro salário para a família. Aquilo que deveria ser produto de uma transição demográfica e indicador de uma redução do machismo em Portugal, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, é hoje o resultado da crise económica e um indicador da depauperação do rendimento das famílias trabalhadoras.

22 de Maio de 2010 - Posted by | Economia, Sociedade portuguesa | , ,

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